sexta-feira, 18 de março de 2011

Without further ado




Canto do Cisne

Cantando a vida como o cisne a morte
                                           BOCAGE

Último canto, extenuada vinha
Já da vida cansada a descorada
Ave. Vinha assim – tão amargurada!
Teu aspecto duros lamentos tinha...

Bravo! Que melodia ressoava!
Lembrava os feitiços de Iara – e tanto
Em derredor era da flora o encanto
Que o outono flores já não desbotava!

Belo exemplo! Divinal criatura!
Que possa o homem em sua jornada
Por inconstância e decepções marcada
Viver e cantar com igual ternura!

*****

A semelhança entre esse meu poema e a imagem na verdade é quase ínfima, isso porque procurei uma imagem que se adequasse ao poema, ao passo que o oposto talvez fosse mais conveniente, isto é, converter desenho em palavras. Bom, nem reparem.

Logo abaixo deixo um poema de Alberto de Oliveira, um dos pilares da chamada tríade parnasiana , e que se destaca dos demais parnasianos por ser o mais ortodoxo, ou seja, o mais tradicional, que segue à risca os princípios norteadores desta corrente literária - Parnasianismo. Ah, o motivo pelo qual posto o poema é que simplesmente achei-o engraçado e talvez ingênuo, ou não.


Terceiro Canto (terceira parte)


Cajás! Não é que lembra à Laura um dia
(Que dia claro! esplende o mato e cheira!)
Chamar-me para em sua companhia
Saboreá-los sob a cajazeira!

— Vamos sós? perguntei-lhe. E a feiticeira:
— Então! tens medo de ir comigo? — E ria.
Compõe as tranças, salta-me ligeira
Ao braço, o braço no meu braço enfia.

— Uma carreira! — Uma carreira! — Aposto!
A um sinal breve dado de partida,
Corremos. Zune o vento em nosso rosto.

Mas eu me deixo atrás ficar, correndo,
Pois mais vale que a aposta da corrida
Ver-lhe as saias a voar, como vou vendo.