sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Introdução inaugural

Bebamos! Nem um canto de saudade!
Morrem na embriaguez da vida as dores!
Que importam sonhos, ilusões desfeitas?
Fenecem como as flores!
                                               BONIFÁCIO


O que dizer?
Bom, apesar de não gostar, recorri ao blog simplesmente por tê-lo como uma espécie de "quadro" para meus rabiscos e melhor, um quadro virtual, distante das imperfeições de seu primo, o quadro negro, figura arcaica limitada a ser vista pelos "mesmos de sempre"- embora em razão da inexperiência deste que escreve, que salta aos olhos no correr das linhas de seus poemas, haja receio de não ser acessado até pelos "mesmos de sempre". Até? Isso seria muito!
Seguindo a tendência do ditado "a primeira impressão é a que fica", convinha que eu postasse o meu melhor poema, o soneto mais harmonioso, de escolhidas palavras, para, quem sabe, tê-los, vocês, novamente aqui. De qualquer forma, nada de muito interessante tenho ainda.
Via uma notícia sobre a recente confusão no Oriente e me lembrei de um poema de Augusto dos Anjos, uma espécie de poeta parnaso-simbolista. Por ora, é o que deixo, com a omissão de duas estrofes, que não me agradam muito!
Não se turbe no túmulo, Augusto!


UMA NOITE NO CAIRO

Noite no Egito. O céu claro e profundo
Fulgura. A rua é triste. A Lua cheia
Está sinistra, e sobre a paz do mundo
A alma dos Faraós anda e vagueia

Os mastins negros vão ladrando a lua...
O Cairo é de uma formosura arcaica.
No ângulo mais recôndito da rua
Passa cantando uma mulher hebraica

O Egito é sempre assim quando anoitece!
Às vezes, das pirâmides o quedo
E atro perfil, exposto ao luar, parece
Uma sombria interjeição de medo!

Como um contraste àqueles misereres,
Num quiosque em festa alegre turba grita,
E dentro dançam homens e mulheres
Numa aglomeração cosmopolita

Resplandece a celeste superfície.
Dorme soturna a natureza sábia...
Embaixo, na mais próxima planície,
Pasta um cavalo esplêndido da Arábia.

Vaga no espaço um silfo solitário.
Troam kinnors! Depois tudo é tranqüilo...
Apenas como um velho stradivário,
Soluça toda a noite a água do Nilo!

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Até mais

2 comentários:

  1. ae, Salô! Tamo na espectativa para ver seus outros poemas. Vou ser um dos 'mesmo de sempre' que estará acompanhando. Para não faltar com a verdade, o pouco que você já me despertou interesse. Continue a postar.
    Abração, Salô. Aquela saudaade

    PS: Agente precisa de se falar pelo o msn ou qualquer coisa assim.

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  2. Sinceramente: não entendi se esse poema é seu, do Alvares ou do Augusto.
    De qualquer forma não o conheço como sendo ddeles e você escreve anteriromente que iria escrever um seu. E também lembra muito o Álvares de Azevedo. Se for seu parbéns, belo poema, vago e interessante.

    Convido você a visitar meu blog e deixar seu comentário:
    Google: Poemas de Neusa Azevedo

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